Brincar é um ato de sobrevivencia humana? |

Assim como a sensação universal de que as viradas de ano significam que tudo vai melhorar na sua vida, muitas outras superstições ajudaram seus “avós” a sobreviverem recebendo informações importantes através de brinquedos e brincadeiras quando ainda eram crianças.

alçapao de passaros

Por volta de 11.000 a.C, muito antes da escrita, com a caça indiscriminada e um miniaquecimento, a escassez de presas para a alimentação do homem foi uma crise global. Apesar de cada tribo viver suas dificuldades em tempos diferentes, todas tiveram a mesma idéia, de cultivar a terra.

Os que conseguiram definir um calendário, observando a posição das estrelas e a trajetória do sol ao longo do ano, conseguiram sobreviver. Sim, as 12 constelações do zodíaco já eram conhecidas naquela época, e também eram consideradas uma divindade, pois o homem naquele tempo já acreditava em algo além da vida, que os unia em torno de crenças e ritos espirituais.

Cada geração tinha que transmitir para suas crianças estratégias dos jogos básicos da vida, de defesa, de caça, e os momentos mais especiais do ano, de semear, colher, quando estocar comida, e momentos de comemorar a sobrevivência humana..

Além das histórias, brinquedos confeccionados com madeira, ossos, couro, pedras, sementes, sabugo, barro, ajudavam a registrar a sabedoria conquistada.

Os brinquedos de antigamente eram criados para passar uma realidade de adulto, preparando a criança para sua profissão futura ou dar continuidade na profissão da familia. O brinquedo é fonte de assimilação, mas tem de ser repassado e orientado.

A linguagem que melhor se enquadra no perfil compreensivo da criança é a lúdica. Alguns ensinamentos são vitais, outros morais, alguns divertidos.

Essas crianças davam continuidade a esse processo de sobrevivência, aperfeiçoando, e passando informações para as novas gerações. Era importante as crianças estarem informadas, pois eram absolutamente imprevistos os ataques de invasores e epidemias.

Na História antiga é difícil precisar quando brinquedos como o ioiô, pipa, bumerang, jogos, bonecas, e outros deixaram de ser usados como instrumentos de guerra, caça, ou rituais para se transformar em ferramentas de diversão ou educacional, pois ha muito tempo perceberam o poder que o brinquedo tem na transferencia de conhecimento.

Uma criança que brinca de cavalinho não está se preparando para ser jóquei, apenas entra em contato com uma nova realidade e, vivencia ativamente novas experiências, despertando para novos horizontes, expandindo e fundando mundos, desafiando o tempo nos mais elevados sonhos.

barco com musicos

Não podia deixar de citar os trabalhos recentes de Al-Jazari (1.136 – 1.206), engenheiro árabe considerado o Da Vinci da era de ouro Islâmica. Ele foi o primeiro projetista de um robô, criou vários autômatos em forma de brinquedos, entre eles, uma banda de robôs que tocava música em cima de um barco, uma garçonete que servia chás, e uma maquina automática para lavar as mãos, demonstrando ritmos e padrões musicais; princípios de educação e higiene. Desenvolveu alguns relógios com motivos lúdicos e despertadores movidos à água e a vela (se conhecia a taxa de queima).

maquina automática para lavar as mãos

Construiu também o “castlle clock”, maior relógio astronômico, de 3,4 metros, com funções, além do tempo, do zodíaco, das orbitas solar e lunar, e um ponteiro com Lua crescente, que a cada hora revelava um bonequinho. Havia também 5 autômatos musicais que tocavam automaticamente acionados por uma rodas de água e dois autômatos em forma de falcão soltando bolas em vasos.

A linha que separa o lúdico do sério às vezes é até imperceptível, mas a vantagem da transferência de conhecimento através do “mundo do faz de conta” com divertimento e alegria, é inegavelmente mais eficaz.

 

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